O albergue em Estella "ofereceu" o pequeno-almoço. Café, chá, leite, tostas, bolachas, manteiga e algumas variedades de doce. Os pequenos-almoços dos albergues nunca satisfaziam como deve ser, mas era agradável a azáfama da manhã na cozinha. Partimos com os estômagos mais consolados, rumo a Los Arcos. Os joelhos ainda doíam, embora cada vez menos a cada dia que passava. A companhia constante da Viviane ao caminhar ajudava a esquecer a dor.
Mal amanheceu chegámos a Irache. Paragem OBRIGATÓRIA na "Fuente del Vino". Ahhh o vinho pela manhã. Faz milagres. Tipo, aqueles milagres de pessoas com muletas que começam a andar sem elas. Bem... não exageremos, foi mais do tipo de pessoas com bastões que se esqueciam deles na fonte para caminhar, depois de uns copos em convívio ;) Hmmm, os meus joelhos deixaram de doer! E deu realmente energia para o Caminho! Dois espanhóis ficaram lá o dia todo. À noite dormiram no mato. Um deles foi picado por um bicho em todo o lado nas costas, e... não sentiu nada! Pronto, já estão a ver mais ou menos o tipo de milagres que uma fonte de vinho pode provocar, não é?
Aliás, 'vino', intitulado históricamente por "combustível do peregrino", é uma bebida quase obrigatória no Camino. Quer a acompanhar uma refeição num restaurante num "menu del peregrino" ou nas mesas de um albergue, ou até mesmo numa mochila. À noite, o vino relaxava os músculos. Entre outras coisas também. Já faz muitos anos que bebo vinho, mas, acho que nunca bebi tanto por tantos dias seguidos como no Camino! Então a partir de La Rioja... já lá vamos.
Saindo daquele antro de perdição, que é a fonte de Irache, chegámos a um pueblo chamado Azqueta, onde tivemos uma surpresa agradável. Azqueta fica num vale juntamente com outros três pueblos. Todos os anos os quatro pueblos juntam-se e fazem o "Dia del Valle". E nós passámos mesmo nessa altura, exactamente pelo pueblo que iria ser o anfitrião da festa. Na subida para o pueblo, ouvimos à distância os cânticos tradicionais do Vale, cantados na rua pelos seus habitantes. Eram 9:00. Chegámos mesmo no fim, e no início do pequeno-almoço. Chocolate quente com bolachas de amêndoa, café, chá e outras coisas mais. Tudo oferecido aos peregrinos. Da população local destacava-se um homem de idade, cabelos grisalhos e barba comprida. Quando soube que a Viviane era Brasileira, disse-lhe que ela tinha que ir a casa dele. Viviane olhou-o de alto a baixo e recusou. Ele disse então:
"No pareces brasileña porque no reconoces Pablito".
Eu e a Viviane demos um "Haaaaaa!" em estereo. Ambos tínhamos lido em sítios diferentes sobre Pablito, que é um personagem bastante conhecido no Camino. Oferecendo os seus cajados de avelã para os peregrinos que passavam pela "sua terra" como ele orgulhosamente se referia. Partilhando também alguma da medicina tradicional do Camino, como soubemos horas mais tarde, já em Los Arcos. Pablito oferece cerca de 1000 bastões de avelã por ano aos peregrinos que vão a sua casa, e já o faz há mais de 20 anos. Basta chegar a Azqueta e perguntar por Pablito que indicam logo a sua casa, sempre aberta a peregrinos.
A Viviane tem todas as nossas fotos com Pablito. Embora existam bastantes fotos dele pela net, só coloco aqui as fotos que tirei ou que os meus companheiros tiraram. Só muito para o final do Camino é que me apercebi que infelizmente não estava a tirar fotos a quase ninguém. Tirava imensas fotos ao Caminho em si, mas não às pessoas. Não cometam este erro. Espero que as fotos que ainda me irão enviar tapem um pouco estes buracos.
"No pareces brasileña porque no reconoces Pablito".
Eu e a Viviane demos um "Haaaaaa!" em estereo. Ambos tínhamos lido em sítios diferentes sobre Pablito, que é um personagem bastante conhecido no Camino. Oferecendo os seus cajados de avelã para os peregrinos que passavam pela "sua terra" como ele orgulhosamente se referia. Partilhando também alguma da medicina tradicional do Camino, como soubemos horas mais tarde, já em Los Arcos. Pablito oferece cerca de 1000 bastões de avelã por ano aos peregrinos que vão a sua casa, e já o faz há mais de 20 anos. Basta chegar a Azqueta e perguntar por Pablito que indicam logo a sua casa, sempre aberta a peregrinos.
A Viviane tem todas as nossas fotos com Pablito. Embora existam bastantes fotos dele pela net, só coloco aqui as fotos que tirei ou que os meus companheiros tiraram. Só muito para o final do Camino é que me apercebi que infelizmente não estava a tirar fotos a quase ninguém. Tirava imensas fotos ao Caminho em si, mas não às pessoas. Não cometam este erro. Espero que as fotos que ainda me irão enviar tapem um pouco estes buracos.
O almoço no vale seria mais tarde, e fomos todos convidados a ficar. Seguimos caminho, apesar da descrição da comidinha caseira ser muito tentadora.
Com bastantes calorias de reserva, seguimos para Villamayor de Monjardín. Um pueblo magnífico. Depois disso, sabíamos que iríamos ter 12km sem encontrar nada. Só vinhas e searas.
Chegando à parte das searas, que é praticamente todo o caminho, o chão é constituído de pedra miúda, bastante mau para os pés. Pela primeira vez no Camino os pés doíam bastante. Uma vez que os joelhos não doíam tanto nesse dia, segui num passo mais rápido juntamente com a Viviane. Faltava cerca de uma hora para chegar a Los Arcos, e decidimos não parar para almoçar. Foi um erro. Deste modo, a última parte do Caminho pareceu interminável. Os dias estavam a ficar cada vez mais quentes. Em Setembro, estava a surgir um verão com toda a sua força no Camino. À noite andávamos de t-shirt, e de dia, procurávamos ávidamente por sombras.
Chegando à parte das searas, que é praticamente todo o caminho, o chão é constituído de pedra miúda, bastante mau para os pés. Pela primeira vez no Camino os pés doíam bastante. Uma vez que os joelhos não doíam tanto nesse dia, segui num passo mais rápido juntamente com a Viviane. Faltava cerca de uma hora para chegar a Los Arcos, e decidimos não parar para almoçar. Foi um erro. Deste modo, a última parte do Caminho pareceu interminável. Os dias estavam a ficar cada vez mais quentes. Em Setembro, estava a surgir um verão com toda a sua força no Camino. À noite andávamos de t-shirt, e de dia, procurávamos ávidamente por sombras.
Na esplanada do café à sombra da igreja, já em Los Arcos, na nossa segunda caña, tivemos o primeiro contacto com Luís, de Madrid. Deveria ter desconfiado logo na altura quando se sentou na nossa mesa, sem termos sido nós a iniciar conversa com ele. Amanhã falo mais um pouco sobre o Luís. Brrrr!
Nessa noite fomos jantar uma paella. Parece ser o único prato em Espanha em que se encontra arroz! A Viviane, habituada no Brasil a comer arroz em quase todas as refeições, já andava a desesperar. Recordando-me das refeições que tive em Espanha, as únicas vezes que comi arroz, foi só mesmo em paellas.
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