Finisterra

Os romanos chamaram-na de Finis Terrae, pois julgavam ser aí onde a Terra terminava. O ponto mais ocidental do mundo em que o mistério e o desconhecido começavam para além dele.

Muito anteriormente ao caminho de Santiago, já os Celtas tinham criado uma antiga rota de peregrinação adorando a natureza, o mar e o Sol, viajando com este de oriente para ocidente, até chegar ao infindável mar, onde o Sol é devorado pelo oceano voltando a renascer no dia seguinte.

A lenda de Ara Solis fala de um povo remoto que adorava o Sol. Decidiram um dia abandonar o seu país e seguir o Sol de modo a descobrir onde se escondia durante a noite. Ao chegar à Galiza, viram que não podiam perseguir mais o seu caminho e ficaram surpresos e maravilhados quando a noite chegou e viram que o Sol se escondia entre as águas do oceano. Decidiram então construir um altar a que chamaram de Ara Solis.

A religião cristã acabou com as tradições animistas. No entanto, como em todo o resto do mundo, a maioria dos costumes e tradições foram mascarados pelos novos rituais cristãos. Há quem diga que o cálice e a hóstia do escudo no símbolo da Galiza seja na realidade o Sol sobre Ara Solis.

O renascer do Sol sempre esteve intimamente ligado com o renascer da vida. As tradições em Finisterra são muitas. Sabe-se que existem referências do séc. XII de peregrinos a Santiago que se deslocavam a Finisterra, não terminando o caminho em Compostela.

Os peregrinos cumpriam aí alguns rituais, como tomar banho nu na praia da Langosteira, simbolizando a purificação da alma.

Ou a queima das roupas da peregrinação numa fogueira junto ao farol, ao pôr-do-sol, simbolizando o terminar de uma vida e o recomeço de outra.

Ou apanhar algumas vieiras e levá-las para casa, significando que viajou até Santiago e viu o fim da terra, o oceano.

Irei certamente honrar estas três tradições.