sábado, 19 de janeiro de 2008

Dia 26: Triacastela - Sarria

As manhãs estavam cada vez mais frias, como pude constatar às 7:00, quando saí do albergue. Se de início todos acordavam às 6:00 ou até mais cedo, naquela parte do caminho, com menos peregrinos, eram raros os que o faziam. Coloquei novamente as luvas. Nesta etapa, tinha quatro possibilidades de caminho. Inicialmente escolhi o que passava por Samos. Os dias também estavam cada vez mais curtos. Apenas quando cheguei a San Cristobo do Real o dia começou a clarear.

Amanhecer em San Cristobo do Real

Até esse pueblo, todo o caminho fez-se ao lado de estrada, nada bonito. A partir daí, foi fenomenal! O caminho serpenteava por bosques, com alguns percursos de água, comportas que deitavam vapor de água, o chão totalmente coberto de folhas.

Camino

Camino

Passei por seis pueblos compostos apenas por três ou quatro casas e quintas. Por vezes não se via ninguém. Outras das vezes, as pessoas estavam a trabalhar no campo. Já ansiava por encontrar Samos, até que o vi, ao olhar lá para baixo, numa das descidas do percurso. O mosteiro de Samos denunciava-o à distância. É enorme! Magnífico.

Samos lá em baixo

A descida acentuada quebrou um pouco o tendão do pé que até aí estava apenas um pouco dorido. Parei num café para descansar e comer um bocadillo. Estava muito confortável à mesa, pelo que fiquei uns 40 minutos. Foi um erro. Quando recomecei a andar, o tendão doía tanto como no dia anterior.

Mosteiro de Samos

Depois de Samos tinha outras duas possibilidades de Caminho. O caminho mais frequentado, e seguido pela maioria era o mais longo. Parecia ser também o mais interessante. Longe da estrada, entrava novamente nos bosques verdejantes a norte, apanhando o outro caminho que saía de Sarria. Mas devido às dores, não iria desfrutar de muito. Já seria uma vitória se chegasse a Sarria pelo caminho mais curto. Resolvi ir pelo caminho de Ayán.

Santiago a 142km

Fui praticamente a coxear até Sarria. O tendão doía muito. Tal como me parecia pelo guia, o percurso de belo não tem nada. Sempre seguindo ao lado da estrada, é mesmo para os peregrinos que só querem chegar a Sarria. Coxeava e caminhava novamente com dor. É incrível como nos habituamos à dor. Caminhava lentamente e sem pausas. Sabia perfeitamente que desse modo iria ser um dos primeiros a chegar. E de facto, quando cheguei ao muito pequeno albergue municipal, ainda só tinham chegado 10 peregrinos. Não estava minimamente cansado, mas a perna doía-me bastante.

Entrada em Sarria

Lembrei-me com um sorriso das palavras do John "If beer doesn't cure ir, then you haven't drank it enough". Nunca mais vi o John. Ok. Fui beber uma caña acompanhada de umas tapas. Encontravam-se sempre imensos peregrinos nas esplanadas dos cafés. Era um luxo no final de um dia de caminhada. Conheci finalmente a Angela, e fiquei aí a saber que a Julia se tinha separado das amigas.

Ruas da parte histórica de Sarria

Sarria é uma cidade com uma parte histórica muito pequena. Como quase sempre, o albergue situa-se na parte histórica. Ainda fui ao miradouro ver Sarria em toda a sua extensão, mas Sarria é praticamente uma pequena cidade nova, igual a tantas outras. Devido a isso, muitos preferiam passar por Sarria e seguir para um albergue mais à frente, como em Barbadelo ou Ferreiros. Foi o que sucedeu com a Ema e o Francês.

Vista do miradouro sobre Sarria

Depois do jantar, não encontrei ninguém na cozinha e sala do albergue. Onde estavam todos?! Não tinha ficado quase ninguém conhecido naquele albergue. Deitei-me às 22:00, esperando que uma noite de descanso curasse o tendão que ainda doía.

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